segunda-feira, 19 de março de 2012

III. FETOS E DOENÇAS

10. Um feto possui uma alma e é uma pessoa, como já foi visto, mas há quem diga que um feto que tenha alguma doença ou defeito não é humano, é como um verme parasita que se aloja nas entranhas da mãe. Ora, não sou nenhum biólogo, mas, do pouco de biologia que eu sei, ouso dizer que, quando dois gametas de uma espécie se encontram, o zigoto formado é desta mesma espécie, então o feto, independente dos acidentes, como as doenças e má-formações, é essencialmente humano e merece toda dignidade como qualquer outro humano. 11. Esse "argumento" do feto doente ser comparado a um verme eu ouvi especificamente numa discussão sobre fetos anencéfalos. Disseram que o feto anencéfalo é como um verme que suga os nutrientes e a vitalidade da mãe, e que, na falta desse parasitismo, não tem condições de viver. Estas mesmas pessoas ainda tiveram a audácia de afirmar que o feto anencéfalo não tem expectativa de vida, portanto não é uma vida em potência, e que uma antecipação terapêutica da gestação de um feto anencéfalo não estaria matando o bebê, apenas estaria adiantando o inevitável. Sobre estas afirmações sem nexo, tenho algumas observações: I - O feto anencéfalo possui alma própria, pois é essencialmente um humano, e é um ser vivo, uma vida diferente da da mãe, e não um órgão dela ou um parasita em seu corpo, mas sim seu filho, com metade do seu material genético, da mesma espécie. A mãe não tem direito de decidir sobre uma vida dentro de si, pois esta vida é tão digna quanto a dela, e a ligação entre os dois seres em nada prejudica a mãe, ao contrário da do parasitismo. II - Disseram que o feto anencéfalo pode sofrer antecipação terapêutica do parto, pois sua morte é inevitável, mas, ao nascer, o bebê anencéfalo deveria ter o pouco de sua vida preservada. Ora, se o bebê anencéfalo deve ter sua breve vida preservada, é porque ele tem direito à vida, e, para tal, por mais óbvio que possa parecer, ele deve ter primeiramente uma vida. Desculpe talvez minha ignorância, mas eu nunca vi nenhuma lei garantindo o direito à vida dos cadáveres. Então, acho igualmente óbvio afirmar, mas nem para todos é tão claro assim, que, para um ser ser considerado vivo quando nasce, ele deve primeiramente ter sido uma vida em potência, apesar de já ter sido dito aqui que o feto é uma vida em ato, não em potência. III - "A antecipação terapêutica da gestação de um feto anencéfalo não poderia ser considerada um aborto, pois o aborto não estaria causando a morte do bebê, apenas adiantaria o inevitável." Peço novamente perdão pelo meu superficial conhecimento de biologia, mas arrisco a basear novamente meu pensamento nesse meu breve aprendizado dessa ciência, ao dizer que nenhum ser humano é imortal. Pelo menos nesses meus alguns anos de vida não vi nenhum ser humano que não esteja destinado a morrer. A vida, esta sim, é a única condição que é certamente fatal em 100% dos casos. Seguindo este pensamento, qualquer assassinato cometido é apenas uma antecipação do inevitável, ou é inevitável que todo e qualquer ser humano morrerá um dia? 12. Ainda ouvi este mesmo grupo dizer que a gestante que carrega um feto anencéfalo em seu ventre é como uma pessoa que sofre uma tortura psicológica. Prezo muito pela saúde das pessoas, especialmente pela das gestantes, mas o bem-estar da gestante é suficiente para justificar um assassinato? Seria muito fácil se eu pudesse matar todas as pessoas que me causam mal-estar e isso resolvesse meus problemas. Certamente começaria pelas pessoas que tratam uma vida humana como um verme ou uma doença. 13. Outro argumento, o único dos pró-aborto que eu aplaudi foi o seguinte: "A legislação é hipócrita ao permitir que se aborte um feto gerado de um estupro, que é uma vida, e não permite que se aborte um feto anencéfalo, que não tem grande expectativa de vida." Concordo plenamente! A legislação deveria também prezar pela vida dos bebês que foram gerados de um estupro, eles são tão vida quanto qualquer outro bebê, é tão filho de sua mãe quanto um bebê que tenha sido gerado de uma relação amorosa, e não tem culpa do crime do seu pai. Não nego que a mãe sofrerá muito por ter sido estuprada, mas matar o bebê não mudará o fato de que o estupro aconteceu, e o feto é tão vítima quanto sua mãe. 14. "O feto doente irá sofrer, se deixarmos que ele nasça." O feto pode ter uma enfermidade, muito grave, por sinal, mas isso não tira dele o direito à vida. Ninguém pergunta a um feto: "Meu filho, você será infeliz se deixarmos que você nasça doente?" Ninguém dá ao feto o direito a vida. Ninguém pode inferir que o feto será infeliz apenas por causa de uma má-formação. Por que uma pessoa nascida que tem qualquer tipo de problema pode escolher viver, e um feto não tem esse direito? Do mesmo jeito que essas pessoas inferem que o feto será infeliz para justificar o aborto, eu poderia justificar o assassinato de uma pessoa por ela ser infeliz. Na Alemanha Nazista essa prática era muito comum, e é chamada eugenia. A mãe não tem o direito de matar o filho só porque a condição dele não atende às suas expectativas. (Pedro Jacobina)

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