Amigos,
O livro Cartas a Probo finalmente saiu. A editora Comdeus está distribuindo, sei que já existe na Livraria Ave Maria da 505 Sul, aqui em Brasília, e na Livraria Vozes da 704 Norte.
Abaixo, um trechinho para degustar:
21.02
Probo, irmão querido,
A paz de Cristo.
Conversamos ontem por telefone e eu notei que você estava angustiado, porque releu antigos livros espíritas sobre religião e percebeu a impossibilidade de refutar essas doutrinas e estabelecer sua incompatibilidade com o cristianismo.
Eu quero lhe dizer algo sobre isso, mas partindo de algumas premissas que eu irei apontar. Em primeiro lugar, quero lhe expor: vou explicá-las não como um “mapa para converter espíritas”. Não é esse o meu objetivo. Creio que os espíritas, de modo geral, estão muito seguros quanto às próprias crenças, e nisso não há problema. Respeitamo-los. Mas você é cristão, e não pode compartilhar as crenças espíritas.
Vemos, diariamente, alguns irmãos que professam o espiritismo freqüentarem a Igreja Católica, aproximarem-se da mesa de comunhão e receberem os sacramentos. Algumas vezes, vemos ainda pessoas que se dizem católicas professarem doutrinas espíritas como o “carma” e a “reencarnação”, crenças incompatíveis com o cristianismo. Aí, sim, cabe-nos dar as razões da nossa fé a quem as pedir, como nos ordena a Carta de São Pedro, a fim de defender nossa religião.
Este é o nosso verdadeiro problema: como algumas pessoas que se dizem católicas apresentam a doutrina espírita a outros irmãos católicos, alguns destes acreditam que não há problema em aceitar aquela doutrina e continuar a professar a religião católica, porque seriam duas coisas diferentes: o catolicismo seria uma religião, pertencente, portanto, ao campo do sentimento, do irracional, da superstição, e as crenças espíritas (abrangendo a reencarnação e o carma) seriam de natureza puramente racional. Nada mais falso. Isso não seria problema nosso, a não ser pelo fato de alguns, que se declaram cristãos, utilizarem a doutrina espírita para confundir-nos e a alguns dos nossos irmãos.
O que, em verdade, é problema nosso é o infinito amor de Deus. Trata-se de saber como amaremos Deus, mais e melhor. O amor de Deus por nós não pode aumentar. Mas o nosso por Ele pode, não só em largueza, mas também em profundidade. É por isso que, de tudo o que experimentarmos, devemos ficar somente com o que é bom (1Tes 5, 21); e aquilo que é bom é o que nos leva a amar a Deus, mais e mais profundamente. E isso só é possível tendo uma fé retilínea. “A lei de orar é a lei de crer”, diziam os antigos, ou seja, nós oramos para o deus em que cremos. Se creio em Deus Pai Todo-Poderoso, minhas orações são para Ele. Mas se tenho falsas crenças, rezo para falsos deuses.
Assim, vou estabelecer, nestas cartas, alguns pontos que desenvolverei em seguida. Quero discutir o que é fé e qual a fé cristã católica. Quero refletir ainda acerca da divindade de Jesus e a respeito do cristianismo defendido por aqueles irmãos que, dizendo-se cristãos e divulgando o espiritismo, confundem-nos. Quero analisar se eles seriam espíritas que renunciaram mal ao catolicismo, ou se seriam católicos com crenças heterodoxas. Seria bom se tratássemos um pouco de ecumenismo e diálogo inter-religioso.
Queria conversar sobre como eu considero incoerente pensar em caridade e acreditar em reencarnação, até porque, sob qualquer leitura minimamente consistente, a Bíblia não é reencarnacionista, apesar do que defendem alguns. Trataremos disso também, se Deus nos permitir.
É um desafio grande. Você sabe que não me sobra muito tempo para escrever entre os meus afazeres. Assim, vou tentar explicar um ponto de cada vez. Vamos começar com um breve comentário sobre o que é fé, o que é fé católica.
Mais, muito mais, no livro!
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