segunda-feira, 15 de março de 2010

Ainda a declaração universal de deveres humanos

Seguindo a linha dos posts anteriores, cito mais alguns "deveres humanos" que me ocorrem, como meio de fazer a convivência humana melhorar:
1. Do respeito à subsidiariedade das esferas.
Os seres humanos agrupam-se em diversas esferas de relações, começando
da família, onde ingressa pelo nascimento, até a grande aldeia global, a
que pertence pelo simples fato de ser gente.
Pelo princípio da subsidiariedade, ficaria estabelecido que as esferas
menores (como a família) têm as maiores obrigações quanto ao bem-estar
de seus integrantes, e devem ser apoiadas pelas esferas maiores, mas
sempre de forma subsidiária – nenhum problema que esteja sendo
adequadamente resolvido numa esfera menor deve ser objeto de intervenção
de uma esfera maior. Por outro lado, as esferas maiores devem estar
atentas para imediatamente suprir as carências das esferas menores, de
modo a garantir o atendimento de determinadas necessidades que
aqueloutra não esteja sendo capaz de suprir.

2.Do dever de ajudar.
Passaria a ser um dever de todo indivíduo o de fazer positivamente
qualquer coisa para que a vida dos seus próximos se tornasse mais fácil.
Colaborar com o bairro, com alguma instituição de caridade - ou ao menos de filantropia, com os poderes públicos, enfim, praticar regularmente algum gesto gratuito de colaboração, além dos seus deveres sociais ordinários. Decorre daí o
dever de confortar, que é aquele que determina que cada indivíduo deve,
na medida das suas forças, colaborar para minorar o sofrimento do
outro.

3. o dever de dar o exemplo.
Todo indivíduo teria o dever de dar o exemplo a seus semelhantes a
respeito do mínimo de cortesia que, em seu turno, espera do outro.
Decorre daqui o dever de lealdade para com as instituições a que
pertence ou representa, cuja legitimidade deve presumir ao menos juris
tantum. Decorre também o dever de exercer bem os próprios deveres, como
pressuposto para exigir dos outros o mesmo.

4. Do respeito ao meio ambiente.
Todos teriam a obrigação de pautar seu próprio consumo pelo mínimo
necessário, para lesar o mínimo possível o meio ambiente, preservando-o
para as gerações futuras. Outrossim, deve adotar atitudes positivas, em
consonância com as autoridades locais, para recuperar o meio ambiente já
lesado por si ou por outrem.

5.Do dever de duvidar da própria razão.
Trata-se do dever que tem todo indivíduo de procurar, sempre que alguma
atitude, gesto ou manifestação sua tiver de causar algum gravame a
terceiro, formar adequadamente sua própria consciência, através da busca
leal de informações e da troca de ideias, sem imaginar que a sua opinião
pessoal possa ser mais importante ou mais correta do que a do outro ou a
das instituições a que pertence, antes de esgotados todos os meios
razoáveis para bem formá-la ou adequá-la.


6.do dever de auto-controle.
Trata-se do dever essencial de dominar os próprios impulsos quando
implicarem em consequências injustas ou desproporcionais para si mesmo,
para outrem ou para o meio ambiente, mesmo quando o atendimento a esses
impulsos seja lícito e possível para o indivíduo.

7.do dever de pudor.
Trata-se, aqui, de exercer os próprios valores pessoais, morais,
éticos, sociais ou políticos de forma tal a respeitar os valores
igualmente lícitos do outro, ou ao menos de fazê-lo da forma menos
escandalosa e gravosa possível ao outro. Ou seja, na confrontação de
valores igualmente justos ou lícitos, cada um deve ser exercido de modo
a tolher o menos possível o valor do outro, mormente quando o confronto
se der apenas e tão-somente com o fito de eliminar os valores do outro
em função das próprias opiniões.

Por fim, mais importante do que as ideias acima delineadas, com as
quais se pode concordar ou não, é a ideia de que tenhamos um código
internacional de “boas-maneiras” mínimo. Com isso, certamente
caminharíamos um passo na melhora das relações pessoais e institucionais
e até mesmo no aperfeiçoamento dos direitos humanos.

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