sábado, 6 de março de 2010

Cartas a Probo - não apagar o caniço que fumega


No livro Cartas a Probo (capa ao lado) não me dirijo àqueles irmãos espíritas que têm plena convicção no que creem. Não me dirijo àqueles que deliberada e conscientemente escolheram o kardecismo a teosofia, o hinduísmo ou outras correntes deste tipo, advertidos e cientes de que tal caminho, embora tenha seus valores positivos, possui uma radical incompatibilidade com o cristianismo, assim como é compreendido na sua Tradição católica e protestante mais coerente, antiga e vigorosa.
Dirijo-me àqueles que, como eu, são cristãos por história, por família, por formação, embora sem nunca terem recebido a formação suficiente, e que, em algum momento enredaram-se pelas doutrinas espíritas, sem se dar conta de que elas são radicalmente incompatíveis com o cristianismo. Dirijo-me aos que acreditam que podem ser cristãos – no sentido em que esta palavra é compreendida no seio do cristianismo que tem uma história, um fundamento, uma coerência e uma tradição - e ao mesmo tempo não sabem como responder a doutrinas como a reencarnação, o carma e a mediunidade. Trata-se, neste caso, de resgatar o cristianismo, preservar o “caniço fumegante”, esclarecer e dar os fundamentos da fé cristã. Distinguir claramente aquilo que é coerente, é verdadeiro, está de acordo com o seguimento de Jesus, daquilo que é incoerente, inconsistente, artificial ou simplesmente falso.
Quero repetir – não me dirijo aos espíritas, senão aos cristãos enveredados no espiritismo por falta de clareza. Na verdade, admiro muito diversos amigos que são espíritas, hunduístas, budistas, teosóficos, que são homens de bem e vivem sua vida de forma coerente com os próprios preceitos das suas crenças. Quantos são pessoas admiráveis em tantos sentidos! O que eu lamento é aquela situação em que a pessoa cristã, por formação incompleta, por desinformação, por desatenção, por fraqueza ou por mero desaviso, rejeita ou renega o Espírito Santo para dedicar-se a consultar ou ler mensagens de “espíritos-guia” ou de espíritos de “pessoas que já morreram”. Ou então, que , embora cristão, confunde ou menospreza a salvação oferecida como um dom por Deus em Jesus para fiar-se na autossalvação oferecida pela doutrina da reencarnação.
Pessoalmente, fui um desses cristãos. Andei em sessões espíritas, já fui em terreiros e centros, estive em “reuniões de doutrinação” kardecistas e vi médiuns “recebendo espíritos”. Li os livros teosóficos, fiz ioga e meditação transcendental, li sobre “fluidos” e “energias”, entoei mantras e canções à mãe terra. Quanto mais lia, menos me sentia seguro de tudo isso. Ao encontrar e estudar livros verdadeiramente cristãos, no entanto, eu comecei a me sentir cada vez mais seguro de que o único espírito que vale a pena receber, cultuar ou ouvir é o Espírito Santo, e que ele é único e verdadeiro Espírito que é capaz de nos dar a felicidade perfeita da bem-aventurança e a salvação eterna, ele que é Deus com o Pai e com o Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado.
No começo do meu caminho de volta à Igreja, estava movido por uma falsa concepção de Jesus como "mestre espiritual" que me levava a vê-lo como mais um "avatar" ou "iluminado", mas aos poucos, em contato com a Bíblia e o catecismo, e pela intercessão de tantos que rezaram por mim, fui me dando conta de quem ele era de verdade, Deus de Deus, luz da luz, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Vi a profunda necessidade de renunciar a tudo que não era próprio a um discípulo de Jesus, confessar e voltar à plena comunhão com a Igreja, una, santa, católica e apostólica. E não por uma experiência mística inexplicável (que existe e é um caminho maravilhoso de conversão, mas não o foi concretamente para mim) mas por ter ficado intelectual e efetivamente convencido de que Jesus é o caminho, a verdade e a vida e a Igreja Católica é a Igreja que Ele fundou, e ter ficado interiormente encantado com Jesus e sua Igreja.
Vi como estas coisas são sérias, como não se deve ser superficial com elas, como é necessário repensá-las sempre mais e profundamente, porque o que está em jogo é grande demais – é a salvação, não somente entendida como a bem-aventurança mas principalmente a felicidade aqui mesmo, ou, como fala São Paulo, a posse antecipada das coisas que não se vê. Converti-me fortemente, não porque senti ou vi, mas porque estudei, me convenci e me abri ao Espírito Santo.
Mas a conversão é necessária todo dia, mesmo para todo cristão, mesmo para todo aquele que caminha firmemente na estrada de Jesus. Todo dia eu peço a minha. Sempre ponderando mais, sempre mais, com as coisas que vi, li, vejo, leio e, principalmente, vivo. Não tenho mais espaço para experimentalismo na minha vida espiritual, especialmente quanto ao Espírito Santo. Cremos plena e unicamente na salvação como dom de Deus em Jesus, mas mesmo os que creem em doutrinas espíritas não podem negar que, independentemente da fé cristã, existe uma chance muito concreta, racional e coerente - e muito mais razoável do que os argumentos em contrário - de que a salvação não venha pela reencarnação ou por qualquer esforço do homem ao longo de vidas e vidas, mas como dom gratuito de de Deus ao fim do curso de uma única vida terrestre, que pode ser livremente aceito ou rejeitado pelo homem. Poder para tanto, tenho certeza que mesmo os espíritas acreditam que Deus tem - nós, cristãos, temos, aliás, absoluta certeza disso. Neste caso, desejar receber o Espírito Santo, o Espírito doador da Vida, é o mais alto desejo que um ser humano pode ter, que exclui instantaneamente o desejo de receber, por qualquer forma, qualquer outro espírito, principalmente "espíritos de mortos". O Reino de Deus, consistente na vida no Espírito Santo, é aquele tesouro preciosíssimo que, encontrado, leva-nos a vender tudo, tudo o que temos para comprar o campo onde ele se encontra.
O Espírito Santo, como Deus que é, é o dom mais maravilhoso que Jesus nos fez. Prenche-nos plenamente. Se assim não fosse, ele não teria dito aos seus discípulos: "Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada." (Mateus 12:31). Tenho a Bíblia como algo muito sério, que leio e medito todo dia.
O livro não tem por objetivo fazer apologias ou combater heresias, mas testemunhar que renunciar a falsas crenças e voltar para Jesus é abraçar o Amor supremo,
que desejo ardentemente. Já não me satisfaço com qualquer amor menor do que o infinito. Sou guloso, em matéria de amor. Somos livres para rejeitá-lo, é claro, mas temos, ao menos, que meditar bastante antes de correr o risco de trocar o amor supremo pelo apego a doutrinas, a obras e a erros, mesmo que divulgados por filantropos e voluntários, como indubitavelmente são a maioria dos adeptos de tais doutrinas. Mas optar mal, rejeitar a verdade pelo apego a doutrinas, mesmo sedutoras, e passar a eternidade longe do amor de Deus, por minha própria e livre opção seria, para mim, muito pior do que qualquer outra coisa que eu possa imaginar. Por isso fiz a opção por Jesus. Por isto escrevi este livro, e me abro ao debate,
porque o amor de Deus, sendo infinito, sempre pode ser aumentado pelo diálogo e difundido sem prejuízo, aliás com pleno lucro, por todo aquele que tem a ventura de gozá-lo.
O livro está à venda no site www.livrariacomdeus.com.br.

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